sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Culpa de mãe: hora da escola


Oito meses. Tão pequena. Tão frágil. Já de mochila e agenda. Longe dos olhos. Com estranhos que somos obrigados a confiar. Quem irá te nanar com canções malucas? Você será abraçada quando estiver mais quieta?

Culpa. Dor. Lágrima. Dúvidas e mais dúvidas. Um aperto no coração. Vontade de largar tudo e te manter dentro de uma redoma. Só eu te entendo. Só eu sei o que você precisa. Só eu sei te dar proteção.

Novidade. Você chega e nem olha para trás. Diverte-se com os novos amigos. Distribui sorrisos logo nos primeiros dias. Tudo chama atenção. Tudo é alegria.

Rotina. Quando começa para valer, você não acha tanta graça. E eu, que já sentia o coração menos pesado, me vejo agoniada quando suas mãos se cravam na minha blusa e não desejam soltar.

A menor das picuinhas no trabalho já traz um mar de incertezas a tona. Será que realmente estou fazendo o melhor? Vale a pena trocar várias das tuas primeiras vezes por isso?

Inúmeros fatores são recordados: os anos de estudo, o financiamento a ser pago, o teu futuro.

Mas tem dias que a saudade aperta. E como a letra de uma música diz, eu literalmente conto os segundos para poder te ver. E sim, o relógio não é o melhor amigo das mães que trabalham.

E o sentimento piora ao ler artigos que apontam os seus dedos acusadores, me fazendo sentir um ser sem escrúpulo ou amor ao abandonar o meu bem mais precioso na mão de estranhos.

Não é raro me pegar a pensar na possibilidade ilusória de ganhar na loteria. Ai sim iria passar todas as horas da tua primeira infância agarrada contigo inventando atividades e viagens. Mesmo sabendo que em alguns anos você irá querer desbravar o mundo sem mim.

Só que ficar em casa hoje é ficar entre quatro paredes de um apartamento. E você merece a chance de se desenvolver muito mais. O mundo espera isso de você. Além de amor, carinho, proteção e afeto, você precisa de inglês, informática e exercícios físicos.

Enfim, enquanto a mega não vem, vamos administrando a saudade e aproveitando nossas poucas horas. A culpa sempre vai existir, e agora entendo toda a verdade de que a adaptação serve para a mãe e não para os filhos.


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