domingo, 12 de julho de 2015

Direito de Amamentar

Alice não tinha nem seis meses quando o pediatra começou a insistir em introduzir frutas e papinha salgada. Quando questionei sobre a recomendação de amamentação exclusiva até os seis meses, recebi como resposta que eu não era uma moradora de vila, que isso era aplicado aos mais pobres.

Para cara feia do médico, eu só iniciei a papinha quando ela fez seis meses.

Quando Alice estava com 1 ano e quatro meses fui fazer os meus exames de rotina. No local da eco precisei responder um verdadeiro questionário de por que ainda amamentava. Frases como ela te usa de bico, ela já está grande, entravam e saiam pelos meus ouvidos.

Agora com dois anos ela ainda mama, e se eu tenho alguma dor ao qual sou obrigada a consultar, minto a idade da minha filha para não receber medicação inadequada.

E com tudo isso me deparo com a capa de uma revista sobre o direito de amamentar? Mas que direito?

Por que a mãe de classe média não pode amamentar os seus filhos até a idade que bem desejar sem responder milhões de perguntas?

Sinto-me agredida toda vez que preciso responder os questionamentos. O peito é meu, a filha é minha, o mama noturno da saudade não atinge ninguém, então qual é o problema?

Não, ela não me usa de bico, por que ela não gosta de bico. Sim, ela se alimenta muito bem. Às vezes eu canso, às vezes tenho vontade de tomar um vinho, até mesmo tenho vontade de tomar um remédio mais forte para a enxaqueca. Não, não pretendo amamenta-la eternamente.

Mas, por favor, podemos ter o direito de decidirmos isso sozinhas?

Sim, isso é um desabafo. De quem deseja apenas amamentar em paz.

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